Christofer Pallu’s review published on Letterboxd:
Em Maria José se esboçava a tensão cabal de atração e repulsão dentro dos planos, um movimento impreciso em busca de “algo” que não se encontra, algo que pode estar presente e é sugerido, mas nunca sentido. Algo chama os olhos da menina Maria, recônditos como o alvo de sua confusa busca, forçando-na a preencher um espaço e esvaziá-lo bruscamente. Algo menos vago seduz José, incapaz de lidar com a impérvia distância da menina que busca.
O trabalho ainda é equivoco, o estilo rudimentar, a arte viciosa… Enfim, um aprendizado. Ideias ousadas diluem-se em técnicas que não escapam dum possível condicionamento do meio estudantil no qual está inserido.
A tensão mencionada também transpira entre a encenação rígida e a moleza do casal de atores, entre suas faces e a luz que não encontra o trêmulo furor erótico que fortuitamente irrompe nos silêncios. Silêncios muito mais profundos que aqueles de seus vis contemporâneos ao esquivarem dos diálogos sinceros, pois é, afinal, um filme de desencontro.
No reconforto de um beijo no pescoço seguido de um abraço a câmera parece relaxar, para então retornar abruptamente ao vazio num sorriso não correspondido, numa gravidade súbita e assustadora, numa distância redescoberta quando não há mais lugar para ela. Por este momento, o olhar perdido de José é sustentado.
E o filme não é apenas um momento, não é a busca de um efeito pulando as árduas etapas da construção. Porém, as minúcias dessa construção serão descobertas depois. Uma consequência natural da entrega às árduas etapas anteriores.