Insubmissão como força motriz anti-civilizadora ("I declare war on mankind").
Se em algum sentido o filme soa muito mais como um estudo assumido sobre a natureza humana em si, Hellman, como em seus outros filmes, não deixa de agregar elementos tanto de uma alegoria implícita (a própria figura de Oberlus lida com essa monstruosidade mítica do pária atormentado e desfigurado.), como de um realismo muito cru em sua encenação (elipses brutas, abordagens de cena ultra frontais).
Mesmo o niilismo presente nos filmes anteriores, basicamente subentendido em uma lógica beckettiana que se move na surdina da cena (ainda que absolutamente frontal ao abraçar essa natureza), aqui ganha ares muito mais explícitos e até épicos. É basicamente um filme de extremos nesse sentido, um filme que faz questão que toda a crueza do seu tema contamine a sua própria forma fílmica: a experiência primária do tormento em seu estado mais elementar.