1986. Um nazista é candidato à presidência da Áustria. Resiste às acusações, ignora provas, afirma não lembrar da deportação de milhares de judeus na região dos Balcãs, onde esteve e trabalhou durante a Segunda Guerra Mundial. Seu chefe direto, o general Löhr, fora executado em 1947 por crimes de guerra. Nada disso evita que esse sujeito, ironicamente ex-secretário-geral da ONU anos antes e, veja bem, defensor dos valores da família, chegue ao poder.
A diretora participou do movimento anti-Waldheim tanto como manifestante quanto cineasta. Revisita imagens de arquivo com um olhar crítico, mordaz e também melancólico -- de certa maneira, o caso traz à tona traumas coletivos dos austríacos, que se enxergavam como vítimas do Terceiro Reich e não coparticipantes do horror. Um documentário assustadoramente conectado ao Brasil fascista de 2018. Um dos filmes definidores do ano.