Gosto muito da palavra que a Anna Muylaert usou pra traduzir o filme: "experencial". Isso parece resumir de forma sincera todas as coisas que o filme é, tudo o que ele não é, e aquilo que ele nem tenta ser. Ou seja, mesmo que não tenha um propósito objetivo - e nem acho que seja possível o ter no contexto em que foi registrado -, seu olhar ainda é curioso por tornar essa existência de uma presidente mais fisicamente real.…

Há algo muito esperto aqui porque além de ser um filme sobre Caetano, comporta-se também como um filme dele. Com as pernas cruzadas sobre uma cadeira no vazio que parece ser um galpão, Caetano narra sua prisão em 1968 com tal minúcia, que passa batido a completa ausência de recursos padrões do documentário, como fotos e vídeos de época.

Um filme esperto pois Caetano é um narrador sem igual e as imagens se constroem do lado de cá da tela.…