Enquanto as versões hollywoodianas mais recentes dessa franquia propõem uma abordagem praticamente pós-humana (como apontado por outros) — ao tratar tais entidades como meros desastres naturais — aqui em Godzilla Resurgence temos o completo oposto disso; não numa questão de protagonismo, já que o filme faz questão de nos tornar o mais impessoais possíveis e até chega a ser bem menos protagonizado do que as contrapartes mencionadas, mas sim na questão de se apropriar da entidade como um problema nosso, como um problema que temos o dever cívico de resolver e não somente como um "desastre natural" que só nos permite lamentar ter acontecido. E é nessa dinâmica que o filme brilha, em nos fazer parte daquele problema por um prisma humanista, ao nos fazer considerar os danos colaterais de cada ação com closes em rostos que clamam por ela e, ao nos fazer menores como humanos ao nos reduzirem no plano quando cogitamos o uso de algo tão desumano como uma bomba nuclear. Essa hesitação por conta do colateral é o que acaba nos tornando cúmplices do escalar de tudo aquilo para o que iria resultar no mais puro e absoluto terror, capaz de nos deixar perplexos e comovidos em uma situação que irá testar (novamente) a fibra, o engenho e o espirito do povo japonês.

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