Bertolt Brecht da pós-modernidade. Não só pelo poder de análise e síntese dos mecanismos (Carpenter sobre a ideologia e Bertolt pela própria realidade material e concreta, além de todo o resto), mas por uma acidez do humor e de espiritualidade. Coisas próprias do punk mesmo.

A cena em que John Nada primeiro coloca os óculos na banca de jornal é uma dessas sínteses, que vi pouco comentada por esse aspecto. John folheia uma revista que pelos óculos se revela seu…

O nada e o ponto zero são significativos.

Grande parte do cinema do Kurosawa, de uma forma ou de outra, se fundamenta nessa ideia, que aqui é dita assim, diretamente e inclusive numa aula/palestra. O nada (e o zero) são elementos fundadores de todas as outras questões/problemas/situações, não somente pelo óbvio de que em tudo reside seu oposto, seja em conflito ou definição (assim como o EU se define por meio do OUTRO e vice-versa), mas também como constatação de…

"cinema é coisa de gente rica"

E continua sendo, depois do irmão do Luciano Huck se apropriar de história de pobre pra fazer seu filme.
Uma enorme publicidade do curso do Luciano travestido de preocupação social.

Como cinema: publicidade

Como projeto social: Se houvesse preocupação social vinda dos irmãos Huck, o mínimo seria incluir os pobres favelados dentro do processo cinematográfico que é "coisa de rico". Afinal, que inclusão e inversão de paradigma é essa que apresenta esse diretor, esses…

Bernadet lançando Safatle num tratamento de choque. (Ou de "realidade", se concordamos com a premissa, o que não é o caso desse texto).

Curioso que o filme, pelas falas ao menos, sugere que deve existir alguma força propositiva na esquerda, de que esse é o objetivo. De articular as questões e criar pontes (o famoso "diálogo"). Em certa medida pode até ocasionar alguma reflexão pelo simples efeito de choque (ou de se perceber no fundo do poço), mas o que…